domingo, junho 13, 2010

Rapunzel - 03

Então a Rapunzel perdeu o medo e quando ele lhe perguntou se ela o aceitava para marido e ela viu que ele era novo e bonito pensou “Ele amar-me-á mais do que a velha feiticeira” e ela disse que sim e pousou a sua mão na dele. Ela disse-lhe “De bom grado irei convosco mas não sei como descer. Trazei convosco uma meada de seda de cada vez que vierdes e eu tecerei uma escada, e quando ela estiver pronta eu descerei e vós levar-me-eis no vosso cavalo.” Ambos acordaram que até essa altura ele iria voltar todas as noites, pois a velha mulher vinha durante o dia. A feiticeira em nada reparou, até que um dia Rapunzel lhe perguntou “Diz-me feiticeira, porque é que tu és muito mais pesada nas minhas tranças do que o filho do rei? Ele depressa vem até mim.” “Ah! Sua criança velhaca”, gritou a feiticeira “O que te oiço dizer! Pensei que te separara do mundo inteiro, e no entanto tu enganaste-me.” Na sua raiva agarrou as bonitas tranças da Rapunzel, deu com elas duas voltas à sua mão esquerda e com a direita pegou numa tesoura. Cortou-as e as lindas tranças cairam no chão. E foi tão impiedosa que levou a pobre Rapunzel para um deserto onde foi obrigada a viver em desgosto e miséria.
Nesse mesmo dia, ao início da noite, a feiticeira prendeu as tranças que tinha cortado à Rapunzel no gancho da janela e quando o filho do rei chegou e gritou
“Rapunzel, Rapunzel
Deixa cair as tuas tranças.”
Ela deixou cair as tranças. O filho do rei trepou, mas não encontrou a sua querida Rapunzel no topo, mas sim a feiticeira, que o olhou com azedume e malvadez. “Aha!” ela gritou, “Vinhas buscar a tua amada, mas o lindo pássaro já não está no ninho a cantar, o gato apanhou-o, e vai arranhar-te os olhos também. A Rapunzel está perdida pra ti, nunca mais a verás.” O filho do rei ficou trespassado de dor e no seu desespero saltou da torre”. Escapou com vida mas os espinheiros onde caiu perfuraram-lhe os olhos. Então vagueou sem nada ver pela floresta, não comeu nada mais que raízes e bagas, e nada fez além de lamentar e chorar pela perda da sua querida mulher. Assim andou miserável durante alguns anos, até que chegou ao deserto onde a Rapunzel vivia em desgraça, com os gémeos a que tinha dado à luz, um rapaz e uma rapariga. Ele ouviu uma voz e pareceu-lhe tão familiar que caminhou para ela e quando se aproximou a Rapunzel reconheceu-o, abraçou-se ao seu pescoço e chorou. Duas das suas lágrimas molharam os olhos do filho do rei e eles iluminaram-se outra vez, e ele pode ver como via antigamente. Ele guiou-a para o seu reino onde foi recebido com alegria e viveram felizes durante muito tempo.